Como uma das obras mais recentes do aclamado arquiteto, ganhador do Pritzker, I.M. Pei, o Museu Suzhou foi construído no coração de sua cidade natal, Suzhou, na China. Como um dos últimos modernistas sobreviventes, o arquiteto se esforçou para reunir tanto suas sensibilidades modernistas quanto o vernacular local. Situado na parte nordeste do bairro histórico de Suzhou, o museu fica ao lado do famoso Zhong Wang Fu, um complexo de residências históricas do século XIX e do Jardim do Administrador Humilde, um jardim do século XVI listado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. [1]
As imagens deste artigo foram capturadas em 2016 pelo fotógrafo Chenxing Mi, baseado em Roma. Leia o artigo completo abaixo.
Enquanto o museu transmite muitos dos elementos geométricos e visuais que caracterizam a obra de Pei - quadrados, retângulos e pirâmides -, o projeto é inspirado na arquitetura tradicional de Suzhou, com o uso de paredes brancas caiadas, azulejos de barro cinza escuro e uma intrincada arquitetura do jardim. [1] As dobras ondulantes das geometrias, juntamente com uma paleta familiar à região de Suzhou, tornam-se um híbrido único que representa a ambição do arquiteto em rever o vernáculo de Suzhou e chinês em um contexto contemporâneo.
Elementos como simetria, geometria e foco nas linhas são compartilhados nas tradições chinesa e modernista. As paredes externas são acentuadas e destacadas com as linhas cinzas que definem a figura do edifício, assim como a caligrafia tradicional. Isso exige um desenho que seja “sintetizado em uma nova linguagem e ordem, que seja contemporâneo e progressista e, com sorte, que seja uma direção possível para o futuro da arquitetura moderna chinesa”. [1]
A síntese também é refletida no desenho geral do terrebi, onde a planta apresenta um layout retangular que envolve um pátio central de água com um mirante no meio, organizado por um eixo central de simetria. Ao contrário da característica pronunciada e distinta dos muitos outros projetos de referência de Pei, o Museu de Suzhou escolheu ser humilde e se mistura ao contexto da cidade. Além disso, o complexo do museu mantém as alturas bastante humildes, reconhecendo o entorno histórico. Como Pei disse em entrevista ao New York Times: “Na China, a arquitetura e o jardim são um só. Um edifício ocidental é um edifício e um jardim é um jardim. Eles estão relacionados em espírito. Mas na China eles são um só.” [2]
A planta do hall central apresenta uma série dinâmica de dobras geométricas que começa com uma figura octogonal e sobe gradualmente até o pico do telhado, modulada por triângulos, diamantes e retângulos no meio, ecoando os telhados dobrados na arquitetura tradicional, ao mesmo tempo em que apresenta amplas quantidade de luz natural no edifício.
Tal como acontece com a arquitetura tradicional de Suzhou, o projeto do Museu de Arte é organizado em torno de uma série de jardins e pátios entre os edifícios e seu ambiente circundante. [1] O pátio da água, quando colocado em contexto com o tecido urbano estendido, forma uma figura completa que completa a composição. Salas de exposições são organizadas em torno de uma rede de claustros para formar uma rede fechada que cria privacidade e intimidade para o pátio interno enquanto modula as vistas. Eles aludem à técnica de “mudança de perspectiva” nas pinturas de paisagem da Dinastia Song e têm a intenção de obrigar os visitantes a explorarem ativamente os jardins. [3] O pátio de água é organizado e conectado por um conjunto de pontes de alvenaria que cercam um gazebo no centro, como no caso de um jardim chinês tradicional.
O pátio central de água também apresenta uma versão contemporânea de jardim de pedras de jardim, ecoando suas contrapartes no "Jardim do Administrador Humilde" ao lado. A natureza estratificada dessas rochas forma um conjunto de sombras e silhuetas com nuances contrastantes contra a parede traseira branca, reminiscente e metafórica da tradicional pintura a tinta chinesa, em que picos abstratos de montanhas se sobrepõem a um pedaço de papel branco.
O Museu de Suzhou é o terceiro projeto de Pei na China continental, depois do Fragrant Hills Hotel (1982) e do Banco da China em Pequim (2001). O processo plurianual de projeto e construção do museu foi apresentado na série de documentários American Masters da PBS em 2010, em um episódio chamado “I.M. Pei: Construindo a China Moderna. ”[4]
Referências
[1] "SUZHOU MUSEUM." Pei Partnership Architects. http://www.peipartnership.com/projects/type/cultural/suzhou-museum/.
[2] Barboza, David. "I. M. Pei in China, Revisiting Roots." The New York Times. October 09, 2006. Accessed April 08, 2018. https://www.nytimes.com/2006/10/09/arts/design/09pei.html.
[3] Yin, Joshua, Jia Hui Ong, Min Junn Ong, Sonia Mancxia, Wei Xin Tang, and Jit Ying Tay. The Application of Vernacular Elements in the Courtyard of Suzhou Museum in Jiangsu, China. Report. Department of Architecture, Taylor's University. 21.
[4] "I.M. Pei: Building China Modern." PBS. September 14, 2015. http://www.pbs.org/wnet/americanmasters/i-m-pei-building-china-modern/1542/.
- Área: 15000 m²
- Ano: 2006
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Fotografias:Chenxing Mi